E por que vou
falar disso?
O autismo é uma
realidade na minha vida desde 2006, quando minha filha Isabella foi
diagnosticada com então 2 anos de idade.
A maioria aqui não
sabe direito o que é autismo, e assim como vocês eu também não sabia.
A partir dali tudo
seria muito mais perguntas do que respostas. Não sabia o quanto aquilo
poderia comprometer seu desenvolvimento ou onde procurar ajuda. Eram
poucos os profissionais que me falavam com clareza sobre isso.
O que muitos não sabem, é que um problema tão desconhecido para
muitos, não é tão raro quanto parece.
São 2 milhões de
autistas que ao contrário do que muitos pensam é 3 vezes maior do que Síndrome
de Down, por exemplo.
É previsível,
afinal o Down está ali nas feições da criança, o autismo não. E por ser muitas
vezes confundido por outras síndromes ou até mesmo descartado em casos muito
leves faz com que muitas mães não procurem tratamento adequado e precoce, o que
é decisivo no prognóstico.
O governo parece
não se dar conta do tamanho da necessidade de uma criança com o Espectro, o que
não é novidade. Passei dois anos custeando do bolso terapias e tratamentos
multidisciplinares até a prefeitura conveniar a instituição que considero
adequada, O Centro Pró Autista. Detalhe, a lei me dava esse direito, mas
tivemos que aguardar. A mesma batalha agora é para transporte especial, afinal
diferente de mim, muitas mães dependem de transporte público. A velha novidade:
A causa já está ganha, mas até a van buzinar na porta de sua casa, custarão
muitas idas aos órgãos responsáveis. Inacreditavelmente os grandes passos para
uma cura estão sendo dados por um neurocientista, quem diria, brasileiro Dr.
Alysson Muotri que trabalha incansavelmente no desenvolvimento de uma droga que
possivelmente poderá trazer algo muito próximo de uma cura, mas está sendo
financiado por ,vejam só, os EUA, afinal jamais encontraria tal suporte aqui no
Brasil que mal consegue oferecer o mínimo necessário.
Tudo que foi feito
em relação ao autismo no Brasil, seja na divulgação, informação ou até mesmo
projetos de lei, foram feitos por meio de ONGs formadas por pais e
profissionais.
Hoje temos mais
uma vitória. Existe um dia para se falar sobre isso, algo tão complexo que vai
além daquilo que vimos em filmes como Rain Man.
Acredito que muita
coisa poderia ser diferente se o governo reconhecesse os 2 milhões de autista,
números estes que também levantados por auxílio dessas mesmas ONGs. Mas entendo
que é algo como “quanto mais filhos você reconhece, mais responsabilidades têm.”
E assim, pais e
profissionais engajados entram no mundo dos nossos autistas para mostrar-lhes
que mais mundo existe.